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sábado, 12 de maio de 2012

MAMÃE




Estranho é mãe
Morre mas fica enterrada
Dentro da gente
Mesmo morta
Ainda fala com a gente
Seus conselhos
O aroma das suas comidas
Seus beijos
Nunca morrem
Ainda escuto seu banjo
Bolerando na varanda
Ainda sinto o aroma
Das suas tortas de banana
Compridas com suspiros
Assando no fogão à lenha
Muito estranho
Ela morreu
Mas as rosas do jardim
Continuam repletas de colibris
Abelhas floradas borboletas azuis
Zoom de besouros sanhaçus
Parece que ela
Nunca se esqueceu de mim
Continua se embalando
Na cadeira de palha no alpendre
Bordando a história de Troia
A saga de Lampião
Rezando seu terço bizantino
Fazendo sua oração
Balbuciando aquele verso
De Cora Coralina...
Como uma velha menina.
                 Luiz Alfredo - poeta