Estranho é mãe
Morre mas
fica enterrada
Dentro da
gente
Mesmo morta
Ainda fala
com a gente
Seus
conselhos
O aroma das
suas comidas
Seus beijos
Nunca
morrem
Ainda
escuto seu banjo
Bolerando na
varanda
Ainda sinto
o aroma
Das suas
tortas de banana
Compridas
com suspiros
Assando no
fogão à lenha
Muito
estranho
Ela morreu
Mas as
rosas do jardim
Continuam
repletas de colibris
Abelhas
floradas borboletas azuis
Zoom de
besouros sanhaçus
Parece que
ela
Nunca se esqueceu
de mim
Continua se
embalando
Na cadeira
de palha no alpendre
Bordando a
história de Troia
A saga de
Lampião
Rezando seu
terço bizantino
Fazendo sua
oração
Balbuciando
aquele verso
De Cora
Coralina...
Como uma
velha menina.